domingo, 1 de novembro de 2009

Monografar - o nome da minha dor de cabeça

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O tal do Twitter anda me dando dor de cabeça. Não, na verdade, é ter de escrever uma monografia sobre ele.

Quem me conhece sabe que eu estou em monografia, falando justo sobre o tal site do passarinho azul. E que essa é minha segunda monografia.

Mas quem não me conhece. não sabia disso. E nem tinha obrigação.

O que mais me irrita nesse semestre é o dinamismo da ferramenta, que me faz lamentar a cada novo caso de estudo que surge. Garanto que, se vacilar, tivemos 12 a 15 bons casos de estudo, dignos de um tema de monografia. E a cada caso que passa, eu frustro mais.

Claro que não é por ser ruim. É justo por ser bom demais. O que frustra e desanima é a morosidade das normas e da organização acadêmica, que limita a criatividade frente ao melhor conjunto de cases dos ultimos anos.

Nada tenho contra a necessidade de avaliação do sistema. Mas o projeto experimental é altamente cerceador e limitador. Exige foco e atenção em um só ponto da comunicação, enquanto os fatos passam aceleradamente e nós, acadêmicos, nos sujeitamos a tal condição.

Pelo texto acima, deu pra perceber que eu não gosto de trabalhos acadêmicos. E eu não nego: não gosto. Apresentações podem ser melhor do que o texto escrito. E vice-versa. Sempre um ponto do trabalho se sobrepõe ao outro, o que é frustrante, por diminuir uma das partes do processo realizado, onde ambas exigiram igual esforço.

Sempre. Sempre preferi avaliações escritas a trabalhos. Trabalhos são desgastantes,exige tempo contínuo e estudo contínuo. A prova escrita, por sua vez, exige esforço também. Mas ele está apenas na concentração de esforços para o momento da prova. Dissertar com a caneta na mão é muito mais fácil do que sentar na frente de um computador, ler 10 livros e, ao final de um semestre, ter apenas 15 minutos para se apresentar diante de 2 ou 3 professores.

Quinze minutos não se comparam a ter quatro horas para formular uma resposta adequada aos conhecimentos delimitados pela disciplina. A ideia de extrair um "suprasumo" de conhecimento do aluno, atráves do projeto experimental, é falsa, dissimulada e altamente equivocada.

Em quinze minutos, um aluno que obteve excelentes médias durante o curso, pode simplesmente sumir. Em quatro meses, pode se produzir um excelente trabalho. Ou um grande fiasco textual, que em nada condiz com o excelente rendimento individual do aluno durante o período de cumprimento da grade curricular.

Deveria ser a média do curso e não o projeto experimental, a definir o recebimento do diploma. Destruria toda uma "indústria da Formatura", o que me deixaria muito feliz. But... who cares? Algumas universidades tem dado passos importantes na destruição dessas verdadeiras " bancas de extrair dinheiro", contudo, ainda há quem viva disso e não esteja interessado na aprovação por média.

Aí você me pergunta: com o fim da monografia, como ficaria a produção acadêmica?

A minha resposta é a seguinte: ao invés de um trabalho de conclusão de curso, as universidades estimulariam os alunos a produzirem mais e mais artigos acadêmicos, através de incentivos ao pesquisador acadêmico. Garanto que muitos alunos seriam filtrados do processo e estimularia os alunos a produzir dentro da acadêmia.

Você novamente me pergunta algo: Não acha contraditório um aluno que gosta de dissertar com a caneta em punho, apresentar um projeto de incentivo para a produção de artigos científicos?

Não. E eu explico. Esses alunos passariam a ter o costume de produzir de forma acadêmica. Se houver uma premiação, onde o aluno obtenha prestígio e prêmios dignos (não necessariamente em dinheiro. Só não pode ser um chaveirinho do Mercado Municipal né?), o aluno se sente motivado. Como está, na maioria das universidades brasileiras, não há estímulo.

Quem produz academicamente, é o aluno naturalmente pró-ativo. Mas o estímulo deve ser aos que não são naturalmente pró-ativos. Aliás, que tipo de estímulo seria esse, se estimulasse aos mais vivos? Estímulo é algo para quem não tem ânimo, quase morto num ambiente engessado por normas ad infinitum complexas e lutando por um diploma, pra se engalfinhar em um mercado vísceral.

A produção acadêmica é forçada no projeto experimental. Quando não se lida constantemente com algo, passar a lidar só pelo fato de ser norma da instituição, leva a esforços quase sobrenaturais.

Terceira pergunta: E quando a instituição de nível superior cria eventos para estimular a produção acadêmica e estes não dão certo?

O problema está na abordagem. E não precisa ser gênio pra descobrir isso. Na universidade onde estudo, a depender do curso, mais da metade dos alunos boicotam eventos de iniciação cientifica ou similares. E não podem por a culpa em nenhum Centro Acadêmico ou DCE por trás disso. Simplesmente é a forma como é feito. De cima pra baixo, com mão de ferro e a gosto da entidade mantenedora.

Ok. Seria injusto se não reconhecesse algumas cessões recentes feitas pela IES. Mas, não são suficientes. Não são reconhecidas as reais necessidades do mercado local, bem como as premiações são sempre dignas de pena. Aliás, dá é raiva mesmo. Quando você vê um vencedor de um concurso ou de Prêmio universitário, recebendo um computador de R$ 699 ou iPod genérico, é meio revoltante.

Não são prêmios para o contexto acadêmico. Claro que há coisas piores, como 10 entradas para uma Cervejada. Mas, ao menos, há um lado lúdico nesse último prêmio. E convenhamos: no caso de uma universidade privada não conceder prêmios mais, digamos, criativo$$, é brochante.

E claro, fora o clima de feriado, a cada iniciativa gerada pela IES. O que já virou padrão, em meio a todo o clima desestimulante que se implanta a cada um das novas tentativas fracassadas de estímulo. São tentativas que nascem mortas, verdadeiros momentos contraceptivos no ambiente acadêmico.

Enfim, acho que fui claro quanto a minha total desilusão com o nível superior no Brasil. Eu deveria ter feito algum curso técnico. Garanto que lucraria bem mais.

Aliás, pra que serve mesmo diploma no Brasil?

Não me responda aqui. Responda aí mesmo, pra você ouvir. Depois, se entender o propósito, dou-lhe meus parabéns.



Crendo no Todo-Poderoso,



George Lemos.

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